OPINIÃO
por José Raul Machado Ribas
CUNHA NEGA, MAS, CONDICIONA
ACERTO COM GOVERNO À PERMANÊNCIA NA PRESIDÊNCIA DA CÂMARA
Num instante em que Dilma
Rousseff alardeia que jamais participará de negociações que envolvam
“malfeitos” e desafia seus rivais a indicarem uma nódoa que comprometa sua
“reputação ilibada”, o governo se oferece para ser a bóia de salvação de
Eduardo Cunha. O que parecia inviável até o início da semana tornou-se provável
nas últimas horas. O deputado já orçou para o governo o preço do arquivamento
do impeachment. Envolve sua permanência na presidência da Câmara. O que
pressupõe o sepultamento do pedido de cassação que corre contra ele no Conselho
de Ética da Casa.
O governo busca celebrar com
Cunha um acerto do tipo ‘uma mão lava a outra’. Participam da operação a
própria Dilma, representada nas conversas pelo ministro Jaques Wagner (Casa
Civil), e o antecessor Lula, que desembarcou em Brasília no final da tarde
desta quarta-feira. Por sugestão de Lula, foi atraído para a articulação o
vice-presidente Michel Temer. Beneficiário direto de um eventual afastamento de
Dilma, Temer almoçou nesta quarta-feira com Cunha e o presidente do Senado, Renan
Calheiros. Fez isso a pedido de Wagner. Durante o repasto, Cunha sinalizou pela
primeira vez a hipótese de mudar de lado. Antes fechado com a oposição, ele
disse que, se o governo o tratar bem, saberá retribuir.
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