MÉDICOS
EM BAIXA...
A raiva que
muitos têm dos maus serviços de saúde está sendo transposta aos médicos, como
se todos fossem ruins, egoístas e irresponsáveis. Certo que alguns pensam que
são deuses. Outras há que têm certeza... Mas também existem os bons. Felizmente
a maioria. Não se deve generalizar. E, ao invés de torcer contra o Conselho
Federal de Medicina, a população deve abrir os olhos para o desrespeito às
organizações sociais. Ora pelo comando do governo. Ora pela baderna que ganha
as ruas. Os conselhos, mau ou bem, de maneira mais eficiente que a fiscalização
governamental, moralizam seus segmentos.
Depois de
perder o controle sobre a qualidade dos profissionais de medicina que passam a
atuar no país, agora os médicos – em queda de popularidade, numa revanche intencionalmente produzida pelo governo;
terão de recorrer à justiça contra a resolução do Conselho Federal de Farmácia,
que permite aos farmacêuticos prescreverem medicamentos não tarjados, como
analgésicos e antitérmicos.
Já não basta
que atendam à automedicação. Agora, sem observância aos sintomas que podem
sinalizar para problemas mais graves, os boticários estarão fazendo as vezes de
curandeiros de balcão. Seguindo orientação de seus conselhos, os farmacêuticos poderão
dar receita ao paciente orientando-o sobre qual remédio deve usar, a partir dos
sintomas relatados, como febre, dor de cabeça e cólica, para o que não são
qualificados.
Muito mais
direito e competência teriam os enfermeiros que, aliás, em Pindamonhangaba, por
uma liminar obtida pela prefeitura, a contragosto, passaram a ter o dever de
dispensar remédios, em lugar dos farmacêuticos.
E assim vamos
vivendo neste país dos absurdos. Por que não permitirmos aos açougueiros
atuarem em lugar dos médicos legistas? Em matéria de cortes são talvez até mais
precisos em separar o traseiro do dianteiro...
Virou bagunça
mesmo! A sociedade deve se indignar por seu direito a profissionais competentes
nos devidos lugares. Se hoje não fazemos nada porque não somos médicos, amanhã
poderá ser tarde, quando a desordem nos atingir diretamente. Nunca é demais
lembrar o Poema para Maiakovski. Poema que nunca escreveu, apesar de muitos
afirmarem que é dele. Por oportuno, vale citá-lo:
“Na primeira noite eles se aproximam /
roubam uma flor / do nosso jardim./ E não dizemos nada./ Na segunda noite, já
não se escondem: / pisam as flores, / matam nosso cão, / e não dizemos nada./
Até que um dia / o mais frágil deles / entra sozinho em nossa casa, / rouba-nos
a luz, e, / conhecendo o nosso medo / arranca-nos a voz da garganta./ E já não
dizemos nada.”
Em resumo, chegando aí, já era...
Falei e disse!
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