terça-feira, 30 de novembro de 2010

TRISTE DEMAIS


Quando falo da tragédia moral que se abate sobre o Rio de Janeiro, não é simples parole, parole, parole, como diz o italiano. Ah! A bandidagem... Não, meus amigos! Pior é não saber o que é polícia e o que é bandido. E isso não é de agora. Lúcio Flávio o passageiro da agonia, chegou a cunhar a frase, chamando a atenção para o limiar entre as categorias: “Polícia é polícia. Bandido é bandido...”

Mas não adiantou. A coisa vem piorando, e, lendo o jornal de hoje, já se observa que em meio à aplaudida operação que libertou os moradores do complexo de favelas do alemão, maus policiais enlamearam a cena, diante de um trabalho tão bonito da maioria... A Polícia Militar teve de criar uma ouvidoria para registrar as queixas de moradores que acusam policiais de saquearem as casas durante as operações no Complexo do Alemão, em Ramos; e na Vila Cruzeiro, na Penha. Um trabalhador mostrou documentos de uma indenização trabalhista que escondeu em casa, mas o faro dos bandidos fardados encontrou, e, levou embora na mão grande...

A questão foi discutida entre o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame; o comandante-geral da PM, Mário Sérgio Duarte; e o chefe de Polícia Civil, Allan Turnowsky, a quem coloco acima de qualquer suspeita. Allan, inclusive, foi meu vizinho na Rua Delgado de Carvalho 75. Vi menino, na Tijuca. Tem a idade de minhas filhas. Acompanhei enquanto ele cursou direito... Mas como vai identificar o marginal fardado que fez isso, em meio a todo um contingente?

Que porcaria essa polícia militar do Rio de Janeiro. Pobre Rio, onde não se consegue saber quem é polícia e quem é bandido, porque a farda não faz a diferença... Essa narrativa de saques de policiais na favela só me faz lembrar, tragicamente, o que George Orwell descreve no livro “A Revolução dos Bichos:

“Vozes gritavam cheias de ódio. Eram todas iguais. Não havia dúvida agora quanto ao que sucedera à fisionomia dos porcos. As criaturas de fora olhavam de um porco para um homem... De um homem para um porco, e, de um porco para um Homem outra vez... Mas já era impossível de se ver quem era homem quem era porco ...”

Pois que chamem o ladrão...

FALEI E DISSE!

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