quarta-feira, 23 de março de 2011

QUAL SERÁ A COR DAS PESSOAS DE COR?


A pergunta foi bem formulada e exige uma boa resposta. Deveria dirigi-la ao nobre deputado federal Júlio Campos, do DEM do Mato Grosso que, ontem, defendendo o indefensável foro privilegiado e a prisão especial para autoridades, em vias de cair; recorreu ao artifício do ‘moreno escuro’ para burlar a “Lei Caó”, que o colocaria numa situação inafiançável.

O Deputado, ex-governador do Mato Grosso, disse que temia a perda dos dois benefícios – cadeia e juízo especiais; porque poderia ter um caso pessoal caindo nas mãos daquele ministro “moreno escuro”, referindo-se ao Ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal.

Depois tentou consertar. Pediu desculpas ao Ministro que é negro, e, remendou dizendo que “a gente não é obrigado a lembrar o nome de todo mundo, toda hora”. Mas curioso: será que ao referir-se a qualquer outro magistrado, o ministro Marco Aurélio, por exemplo, falaria: aquele ministro “branco claro”?

Amigos! Penso que o pejorativo foi além da negritude, por espelhar também o medo em relação à competência do “ministro moreno escuro” em apreciar a hipótese personalíssima que lançou no ar.

Lembrei do dia que estava em Brasília, ao lado da Advogada Moema Batista, então presidente da Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas, quando uma pessoa referiu a ela sobre alguém individualizado como “aquela pessoa de cor”. Moema – brasileira típica, sangue mestiço nas veias – de pronto interrogou rebatendo: -mas qual é a cor das pessoas de cor?

Deputado Júlio Campos! O senhor, por seu discurso, tem toda a razão de lutar pela manutenção da prisão especial e do foro privilegiado, em causa própria. Mas devo lembrá-lo que racismo no Brasil é imprescritível, em qualquer juízo ou fora dele.

E viva o deputado Caó. Ele é do PDT! Fez a lei pra tentar nos educar contra a hipocrisia.

Falei e disse!

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