segunda-feira, 15 de julho de 2013


IN DEI NOMINE GRATA FRANCISCO

Em uma semana o papa Francisco estará entre nós. Será a primeira viagem dele ao exterior. Chega para participar da Jornada Mundial da Juventude 2013. Além do Rio, passará algumas horas aqui, bem perto de Pindamonhangaba. Em Aparecida, ganhará de presente uma imagem de Nossa Senhora igual a que tenho em casa, em cedro e com 38 centímetros, tamanho da original retirada das águas do Paraíba do Sul...

O Papa será recebido protocolarmente, por autoridades brasileiras. O que na sua humildade talvez nem quisesse. Para ele, valem muito mais, o calor do Povo e mensagens como a do jurista carioca Jorge Béja, seu correspondente de primeira hora.

E, se o conheço bem, Béja estará entre a multidão, com braço erguido para receber a bênção daquele que tão bem representa a vontade de Deus, pregando que os políticos sejam mais decentes e honestos, e, que os Homens se respeitem através do amor.

Eis a mais recente correspondência de Jorge Béja a Francisco, o Papa...

PAPA FRANCISCO, SEJA BEM-VINDO

Francisco, Santo Padre amigo, o 22 de Julho está chegando. O Rio e o Brasil aguardam sua presença. Seja bem-vindo. Dos humanos que integram o Povo de Deus, sou um dos muito poucos que possuem seu endereço eletrônico privado. Dele me servi em Março passado e fui correspondido. Suas carinhosas palavras, seu conselho para que em minha casa todos lessem "o Evangelho inteiro de acordo com San Juan", mais sua bênção "nas Escritas Sagradas, em Números 6:24-27", que chegaram com sua resposta, cobriram de graça a todos nós. Somos-Lhe gratíssimos, amado Papa Francisco. Graça maior seria encontrá-Lo aqui na cidade onde nasci, cresci e ainda vivo, beijar suas mãos, de perto ver seu resplandecente e suave sorriso ,ouvir sua voz e orarmos juntos.

Aqui no Rio a movimentação e os preparativos, dos fiéis e principalmente dos governos, são intensos. Até mesmo sinto que são incompatíveis com a simplicidade de Francisco, avesso às pompas e ostentações desde quando o pequeno argentino Jorge Mário Bergoglio, aos 14 anos de idade, se viu chamado, escolhido e eleito a dedicar sua vida a Jesus Cristo e a trilhar a bendita senda de Francisco de Assis. É certo que devemos tributar ao Papa todas as honrarias, mas sem suntuosidade, sem gastos públicos exagerados, quando o Pontífice que chega e nos visita é Francisco.


Tanto à juventude brasileira e à de outros países que aqui no Rio estarão reunidas e muito mais ainda aos governantes do meu país, que o Santo Padre a todos reitere, repita, faça observar a determinação de Francisco de Assis ao lobo de Gúbio, fera que amedrontava aquela pequena cidade na Úmbria: "Vem cá, irmão lobo, e da parte de Cristo te ordeno que não faças mal a ninguém, nem a mim, nem a qualquer pessoa". Sim, Francisco, porque este imenso Brasil está violento. Falta-nos a paz social, individual e coletiva. Temos aqui muitos lobos, visíveis e camuflados com pele de cordeiro. Entre nós o índice de criminalidade é demasiadamente alto.


Na Itália do Século XIX, ainda dividida em reinos, àquela multidão "birichinos" Dom Bosco deu guarida e amor, os retirou das ruas e fez deles, a começar por Bartolomeu Garelli, homens de bem. Mas Dom Bosco não está mais entre nós. Se estivesse, é certo que, de batina surrada e chicote em punho, Dom Bosco iria tomar satisfações com os que governam o Brasil, tamanha é a perdição em que se encontram milhões de jovens brasileiros, sem teto, sem família, sem escola, sem futuro e que vivem um presente devastador. Mas nem tudo está perdido. Resta-nos a esperança em Francisco, que estará entre nós, desprotegido de escudo ou capacete, mas munido com o mesmo sinal da cruz que empunhou Francisco de Assis ao enfrentar o lobo de Gúbio.

E mais, amado Francisco: que esta Jornada Mundial não seja apenas da Juventude. Adultos e anciãos também muito precisam de Francisco. São poucos, muito poucos, os que integram as chamadas "elites" e conseguem viver uma velhice condigna. No mais, a maioria sofre. É precário o atendimento médico-hospitalar. E sem condições financeiras de contratar um plano de saúde, perambulam entre hospitais e centros médicos em busca de socorro e obtenção de medicamentos e, quase sempre não são atendidos e nada conseguem. Também as enxovias nacionais estão entupidas de presidiários.  São homens, mulheres e menores infratores, postos fora da sociedade e que se achatam numa prensa, ódio em cima, ódio embaixo, como nos relatou Graciliano Ramos, renomado escritor brasileiro de outrora (1892-1953). E, com o passar do tempo, nada mudou. A tal ponto que o atual Ministro da Justiça do Brasil declarou, publica e recentemente, que "prefiro morrer a cumprir pena nos presídios nacionais"!!.Enfim, ou a sobriedade, probidade, responsabilidade, respeito, progresso e evolução caminham juntas, ou juntas miseravelmente perecem.

Venha, Francisco. Venha nos abençoar. Venha nos curar. Venha salvar o Brasil e seu bondoso e hospitaleiro povo. Venha lançar a semente do milagre, que tanto necessitamos.

Em Cristo,

Jorge Béja, advogado no Rio de Janeiro.

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