terça-feira, 31 de janeiro de 2012

EM ALGUM LUGAR DO PASSADO...

Nosso assunto, embora seja atual, não está nas manchetes dos jornais de hoje! Lembro a morte de Giovanni Melchior Bosco a 31 de janeiro de 1888. A data lembra o mais puro batalhador pela educação dos pobres e desassistidos. Do fundador da Pia Sociedade São Francisco de Sales. Do religioso Dom Bosco, canonizado em 1934 por Pio XI e, mais tarde, aclamado por João Paulo Segundo como “Pai e Mestre da Juventude”, em reconhecimento ao sucesso do emprego do amor na recuperação de jovens desviados.

Além do dom do amor, santo em vida, Giovanni Bosco era premonitivo. Previa o que aconteceria com suas crianças. Mas também teve outros sonhos interessantes. Num deles descortinou o florescimento de um lugar de muita prosperidade entre os paralelos 15 e 20 do Hemisfério Sul...



"Tra il grado 15 e il 20 grado vi era un seno assai lungo e assai largo que partiva di un punto che formava un lago. Allora una voce disse ripetutamente, quando si verrano a scavare le miniere nascoste in mezzo a questi monti di quel seno apparirà quila terra promessa fluente latte e miele, sarà una ricchezza inconcepibilie"(Memorie Biografiche, XVI, 385-394)

Esse lugar é atribuído por alguns intérpretes a Brasília, motivo pelo qual São João Bosco é co-padroeiro da capital federal, sinalizando-a como celeiro da humanidade no terceiro milênio.

É no contexto de miséria da revolução industrial, diante do grande contingente de jovens sem família, que Dom Bosco amplia a idéia do padre Giovanni Cochi, tirando das ruas os “bariquini”. Primeiro o “menino de rua” Bartolomeo Garelli, levado ao oratório, a que mais tarde deu o nome de São Francisco de Sales. Depois foram mais 10, mais 100, mais 300...

Seus biógrafos registram-lhe a amizade com políticos como Camilo de Cavour e Humberto Ratazzi. Pessoas influentes, como a Marquesa Barolo. Amizade direta com o Papa Pio IX e com o Leão XIII. Mas também acentuam muitas pressões. Inclusive de Dom Lorenzo Gastaldi, que via no padre Bosco um papel ameaçador à hierarquia da Igreja.



Minha família foi próxima à Obra Salesiana. Terésio Bosco, religioso salesiano e jornalista, narra e registra em “Dom Bosco, uma Nova Biografia” que, meses antes de morrer, a 22 de abril de 1887, o Santo, em busca desesperada por recursos, sai em visita à principal benfeitora da Sociedade Salesiana àquela altura em Turim. Era nada mais nada menos que a riquíssima senhora Luiza Cataldi, tendo ela perguntado: -“Dom Bosco, o que devo fazer para me salvar"? Dom Bosco respondeu: -"Para salvar-se deverá tornar-se pobre como Jó". E ela se despojou de tudo em favor da obra...

Conta ainda Teresio Bosco que o acompanhante de Dom Bosco indagou ao Santo se de fato era verdade tudo aquilo que falara em tom de advertência à senhora Luiza? A que Dom Bosco respondeu: “Não se deve contar toda a verdade aos ricos”...

Recordando hoje a morte de Dom Bosco, a 31 de janeiro de 1888, não posso deixar de lembrar o artigo Terceiro das Regras Salesianas, de 1887, voltado para o objetivo principal: o recolhimento dos jovens pobres e abandonados. Dando-lhes educação e preparo profissional.

Ao que se vê, e, salvo melhor juízo, hoje são colégios e faculdades suntuosos, frequentados por filhos das elites. As escolas profissionais praticamente acabaram. Quando existem, são separadas. Serviço Social, em favelas e periferias, o que, absolutamente, não foi a orientação deixada por Dom Bosco: recolher e abraçar os “bariquini” – meninos de rua daquela época.

Quem sabe não é chegada a hora do reencontro com as Regras Salesianas, deixadas em algum lugar do passado?

Falei e disse.

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