OPINIÃO
Agora é “pimba
na gorduchinha”
Luiz
Salgado Ribeiro
A presidenta está bem
ajeitadinha na marca do pênalti, desde o dia 17 de abril, quando a Câmara dos
Deputados aprovou a continuação do seu processo de impedimento, por 367 votos
contra apenas 137. Agora, no próximo dia 11, o Senado apitará e vai ser “pimba
na gorduchinha”, como Osmar Santos -o grande locutor das “Diretas Já” – narrava
os chutes a gol(*).
Como o pênalti, no futebol, o impeachment, na democracia, não são lances
que despertem muita alegria. Um e outro não são jogadas bonitas, são até
tristes, por se parecerem com cenas de fuzilamento. São punições severas e
interrompem o andamento normal do jogo.
O gol resultante do chute na bola parada
não tem a graça de outros. Não tem a magia da surpresa, nem o encantamento de
uma jogada de craque. É previsível; sempre gera controvérsias e-
invariavelmente - é recebido - pela torcida do time que sofre o gol - com xingamentos
ao juiz e protestos contra “a grande injustiça’. Até quem o marca preferiria
fazê-lo de outra forma: com um drible,
uma cabeçada ou uma emocionante
“bicicleta”.
Pênaltis e impeachments não
são do pleno agrado de ambos os lados das contendas. Mas fazem parte das regras
– da FIFA e das constituições - e são indispensáveis para manter a ordem nas
competições.
Assim será com o impeachment
da dona Dilma. Vai demorar um bom tanto para cessarem as ondas de protestos e
esperneios. Mas o jogo vai continuar e é esperança de todos os espectadores que
os jogadores não voltem a meter a mão na bola, ou – neste caso – na grana dos
cofres e empresas do governo.
(*)Osmar
Santos
deixou de animar as transmissões de futebol em 1994.Viajava no interior de São Paulo e seu
carro foi atingido por um caminhão dirigido por um motorista bêbado. Sofreu
danos cerebrais. Com muito tratamento e muita força de vontade, teve
recuperação de várias funções, entretanto ainda tem grandes dificuldades com a
fala. Mas não aposentou seu talento criativo. Hoje dedica-se à pintura de
telas.
Luiz Salgado Ribeiro – “Nascido em Pindamonhangaba, SP, em 1944, iniciou carreira
jornalística em novembro de 1964”. Atuou na Gazeta, Estadão e Agência Estado,
entre outros conceituados órgãos de imprensa...
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