domingo, 15 de maio de 2016

ARTIGO
Temer precisa de uns
papos com Lars Grael
Luiz Salgado Ribeiro

A primeira coisa que um político deve aprender é velejar. Esta afirmação pode parecer absurda, mas não é. Não me refiro ao velejar, em si. À arte do prender e soltar velas; do puxar  e soltar cordas, no momento exato, com a força certa para furar ondas,  manter o equilíbrio do barco e fazê-lo avançar, mesmo contra o vento que é sua fonte de energia .
Refiro-me ao conhecimento teórico-filosófico que permitiu aos antigos navegadores cruzarem mares sem fim, sem usar remos, vapor ou um mísero motorzinho de popa.
Refiro-me à luta da inteligência contra as forças da natureza. Refiro-me ao saber exatamente o que é rumo e o que é objetivo. Para muita gente estas duas coisas são uma só. O velejador sabe que não. Objetivo é o destino final do barco, o porto que se almeja. Rumo é a direção que se toma, dependendo desta ou daquela  circunstância; deste ou daquele vento. O objetivo é fixo; o rumo é circunstancial.
Exemplo: Se o barco precisa ir de sul para norte e está ventando de norte para o sul, o que fazer? Perder tempo, esperando uma mudança da direção do vento? Não! A solução é negociar com ele.  Ruma-se um pouco para nordeste, depois, para noroeste e – nesse zig-zag - o barco vai avançando para seu objetivo.
Na política é a mesma coisa: se o governante chega ao poder levado por uma revolução ou uma vitória esmagadora, ele tem força própria para apontar seu governo na direção desejada e rumar para lá, sem qualquer desvio de rumo.
Quando não é este o caso, ele tem de negociar com as forças políticas, como o navegador “negocia” com os ventos. Um pouquinho no rumo imposto por esta ou aquela circunstância, sem se esquecer do objetivo desejado. Aí, são inevitáveis as críticas de que o governo está sem rumo. Mas é preciso o zig-zag para se chegar ao objetivo.

Michel Temer chegou à Presidência da República sem força própria. Vai ter de negociar muito para fazer o que tem de ser feito. Conhece,  por instinto as regras de navegação. Já velejou muitos mares políticos bravios. Mas para enfrentar e vencer os que tem agora pela frente, seria bom que batesse uns longos papos com o nosso sempre campeão Lars Grael.

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