ARTIGO
Temer precisa de uns
papos com Lars Grael
Luiz Salgado
Ribeiro
A primeira coisa
que um político deve aprender é velejar. Esta afirmação pode parecer absurda,
mas não é. Não me refiro ao velejar, em si. À arte do prender e soltar velas;
do puxar e soltar cordas, no momento exato, com a força certa para furar
ondas, manter o equilíbrio do barco e fazê-lo avançar, mesmo contra o
vento que é sua fonte de energia .
Refiro-me ao
conhecimento teórico-filosófico que permitiu aos antigos navegadores cruzarem
mares sem fim, sem usar remos, vapor ou um mísero motorzinho de popa.
Refiro-me à luta
da inteligência contra as forças da natureza. Refiro-me ao saber exatamente o
que é rumo e o que é objetivo. Para muita gente estas duas coisas são uma só. O
velejador sabe que não. Objetivo é o destino final do barco, o porto que se
almeja. Rumo é a direção que se toma, dependendo desta ou daquela
circunstância; deste ou daquele vento. O objetivo é fixo; o rumo é
circunstancial.
Exemplo: Se o
barco precisa ir de sul para norte e está ventando de norte para o sul, o que
fazer? Perder tempo, esperando uma mudança da direção do vento? Não! A solução
é negociar com ele. Ruma-se um pouco para nordeste, depois, para noroeste
e – nesse zig-zag - o barco vai avançando para seu objetivo.
Na política é a
mesma coisa: se o governante chega ao poder levado por uma revolução ou uma
vitória esmagadora, ele tem força própria para apontar seu governo na direção
desejada e rumar para lá, sem qualquer desvio de rumo.
Quando não é este
o caso, ele tem de negociar com as forças políticas, como o navegador “negocia”
com os ventos. Um pouquinho no rumo imposto por esta ou aquela circunstância,
sem se esquecer do objetivo desejado. Aí, são inevitáveis as críticas de que o
governo está sem rumo. Mas é preciso o zig-zag para se chegar ao objetivo.
Michel Temer
chegou à Presidência da República sem força própria. Vai ter de negociar muito
para fazer o que tem de ser feito. Conhece, por instinto as regras de
navegação. Já velejou muitos mares políticos bravios. Mas para enfrentar e
vencer os que tem agora pela frente, seria bom que batesse uns longos papos com
o nosso sempre campeão Lars Grael.
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