sexta-feira, 19 de agosto de 2011

CONCESSIONÁRIA MONTA MAIS ARAPUCAS NA DUTRA


Fui procurado pela Rede Brasil Diário para falar a respeito da implantação de mais 30 radares fixos na Via Dutra. Onze deles vão ficar aqui no Vale do Paraíba.

A primeira pergunta formulada para minha análise foi para que dissesse sinceramente o que achava da medida, inclusive quanto a eficácia. Lamentei profundamente, porque a prática tem demonstrado que os equipamentos, previstos no Código de Trânsito Brasileiro e nas normativas do CONTRAN, não cumprem a finalidade sócio-educativa para a qual foram previstos. Acabaram transformados em máquinas arrecadadoras.

Nas estradas sob a jurisdição do Estado de São Paulo, por exemplo, ficam situados atrás de viadutos e pilastras. Não são sinalizados adequadamente. São verdadeiras arapucas para pegar o motorista desprevenido ou quando não tem GPS. Por isso, em minha opinião, não visam a redução de velocidade. No pano de fundo está a multa, cuja arrecadação nem sempre é aplicada como manda a lei: na educação para o trânsito, na pavimentação e sinalização das rodovias.

Não é verdade que os radares reduzem acidentes. Ao contrário. As vezes uma freada brusca para reduzir a velocidade diante de um radar oculto, até provoca o desastre.

As concessionárias são sempre as primeiras a descumprir a lei. Os maiores acidentes são provocados por animais soltos na pista, pedras que caem e não são recolhidas, carcaças de pneus, permissão de circulação de veículos sem condições de segurança. Aliás, existem várias condenações de concessionárias a indenizar por esses motivos.

Piores ainda são os radares móveis. Verdadeiras aberrações no quadro de ilegalidades, já que o código e as normativas exigem a sinalização do equipamento ou de lombadas com 300 metros de antecedência. E isso, na prática, inexiste. Há necessidade que se cumpra a lei, colocando-os em locais justificados e com a sinalização e o distanciamento adequados. Por isso mesmo afirmo sem medo de errar que os radares são instrumentos para aumentar a arrecadação.

O código ao ser relatado pelo Deputado Federal Ary Kara, de Taubaté, tinha o propósito educativo. Em defesa da vida. A multa tinha a finalidade de sinalizar para o erro e fazer o motorista refletir. Hoje o maior interesse da administração é fazer dinheiro e aplicar em caixa único. Não se vê o retorno educativo previsto na lei.

A entrevista na íntegra está no site www.saojosedoscamposdiario.com.br

Falei e disse.

Um comentário:

  1. Parabéns à Rede Brasil Diário por abordar o assunto com mais profundidade.

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