Tenho muita pena... Quando comecei a trabalhar em jornalismo, meados de 1968, fiz estágio na Radio Jornal do Brasil. Meu Tio, Ivan Lima Alves era o chefe de reportagem. Lembro que todo mundo queria uma vaga no grupo JB. Era prestígio e credibilidade, além de ser o melhor salário do Rio. Batia nas Globo e até no Estadão de São Paulo.
A televisão engatinhava. O Repórter Esso tinha acabado na Rádio Nacional, e, com Gontijo Teodoro na Rede Tupi, estava em decadência. Para se ter uma idéia, as entrevistas coletivas só começavam quando a Rádio JB chegava. E igual prestígio tinha o Jornal do Brasil, senhor da razão e das verdades, sobre um Globo vendido ao Time Life e à ditadura militar.Mas foi exatamente por não se vender, que o Jotabê da Condessa Pereira Carneiro e de Nascimento Brito, não ganhou um canal de televisão e acabou perdendo espaço para a concorrência.
Apoiada pelos militares, a Globo que já tinha duas emissoras AM e duas FMs, quando só se podia ter uma, arrematou num leilão, o canal livre internacional da Rádio Mayrink Veiga, empastelada pela repressão. E, depois de dois incêndios, adquiriu com o seguro o equipamento de televisão que fez a diferença...
Saudade dos bons tempos... Lembro que o Jotabê desmascarou as empresas Globo no episódio pró-consult e devolveu a Leonel Brizola a realidade dos números de uma eleição viciada. Isso William Bonner não pode contar no Livro sobre o Jornal Nacional. Não tinha consciência do momento, nem interessaria às “empresas”.
Hoje vejo a situação de meus colegas da antiga, que sobrevivem a duras penas no Jornal do Brasil e fico triste com o anúncio do empresário Nelson Tanure...
Diz que fecha o jornal em dezembro, se não conseguir vender, até lá, o diário que circula desde 1891.
É pena! Com o fechamento do Jornal do Brasil desaparece o detentor de parte da história da luta pela liberdade e pela democracia no País...
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