segunda-feira, 10 de junho de 2013


HERANÇA MALDITA

 

Era o que eu temia...

 

A punição, absurdamente, pode ultrapassar a pessoa do réu, por conta da sede obcecada da vingança. Neste domingo, o presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro e da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB, Wadih Damous defendeu a demissão do diretor da Agência Brasileira de Inteligência, Ronaldo Martins Belham. A causa? Ligações familiares dele, com o general da reserva José Antonio Nogueira Belham.

 

O pai de Ronaldo foi chefe do DOI-CODI do Rio de Janeiro em 1971, mesma época em que ex-deputado-federal Rubens Paiva foi assassinado, após ser levado preso ao departamento.

 

Para Damous, a nomeação de Ronaldo Belham para cargo de diretoria da ABIN é, no mínimo, inconveniente. Disse textualmente: "ainda que ele nada tenha a ver com os episódios, hoje sob investigação, de torturas e desaparecimentos ocorridos à época da ditadura, a sua suspeição é evidente pelas funções que exerce atualmente"... Imagina que o filho do ex-chefe do DOI-CODI, detém poder de filtrar e impedir que informações que receba daquele período venham a público, tendo em vista que o seu pai estaria envolvido naqueles episódios.

 

A Comissão Nacional da Verdade obteve informações e publicou documento em que atesta que o general Belham recebeu, quando chefiava o DOI-CODI do Rio de Janeiro, dois cadernos de anotações que pertenciam a Rubens Paiva. O nome de Belham aparece escrito de caneta, na folha amarelada, como responsável por receber o material. O subcomandante era o major Francisco Demiurgo Santos Cardoso. O documento que desmontou a versão do Exército foi encontrado, no fim do ano passado, pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul na casa do coronel da reserva do Exército Julio Miguel Molinas, já falecido.

 

A CNV tenta localizar o general da reserva Belham para que ele possa ser ouvido e explicar as circunstâncias da madrugada de 20 de janeiro de 1971.

 

A ânsia de apurar a verdade é razoável. Extrapolar a pena aos herdeiros de envolvidos com a tortura é inaceitável. É a herança da pena, por episódios com os quais os filhos nem sempre aprovam dos pais...

 

Falei e disse!

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