Primeiro Lula. Nada sabia sobre o ‘mensalão’...
Depois foi Dilma. Nada sabia sobre o ‘petrolão’. Nem da compra da refinaria
fracassada de Passadena a preços milionários... Assinou sem ler. Como se o ‘jeton’
que recebia como membro do conselho da Petrobrás fosse mera complementação do
que ganhava para ser ministra...
Agora explode o escândalo dos desvios do “Mais
Médicos” para o favorecimento de Cuba...
Fala-se em golpe, como se o impeachment não
existisse no ordenamento jurídico brasileiro... Foi invocado duas vezes. Não
consumado em nenhuma.
Primeiro foi proposto pelo então deputado
federal Wilson Leite Passos em 1954
contra Getúlio Vargas... O mar de lama, agravado pelo atentado a Carlos Lacerda
e ao Major Rubens Vaz levaram o caudilho gaucho ao suicídio. Evitando o
julgamento político.
O caso Collor de Mello foi levado a
julgamento no Senado, depois de admitido na Câmara o pedido formulado por
Barbosa Lima Sobrinho, presidente da ABI e por Marcello Lavenère Machado
presidente da OAB, apoiado por todos os conselheiros federais de então,
inclusive este articulista. O impeachment também não se consumou. Collor
renunciou antes...
Collor, assim como Lula e Dilma, também dizia
que não sabia de nada. Tudo era obra de PC Farias. E lembrem que ali os gastos
alegados eram de sobras de campanhas políticas. Nem o país chegou ao caos em
que se encontra agora.
Lembro que a petição de Evandro Lins e Silva,
a qual assisti escrever, citava Cícero frisando no pórtico: “Não basta que a
mulher de César seja honesta. Tem de parecer honesta”. Dizia com isso que,
mesmo verdadeiro o argumento parvo do desconhecimento, para parecer honesto, o
titular do cargo devia manifestar inequívoca vontade de se desvencilhar do
estorvo. Não esconder a sujeira debaixo do tapete e encontrar subterfúgios para
assegurar a sustentabilidade cambaleante do governo.
A quem repele o impeachment, que muitos
sustentam na atualidade como golpe,
contraponho a “teoria do domínio do fato” sugerida por Evandro contra
Collor, ao lembrar o que se passara na Roma antiga. É público e notório o caos
em que mergulhou a Nação, após seguidas sangrias para dar sustentabilidade política a eleições
de lisura questionável. O Julgamento pelo senado, se houver, será político, não
jurídico. O convencimento vale mais que a prova.
A credibilidade do governo no próprio País e
no Mundo é comparável a cloaca que não se deve sequer olhar. Hoje a situação, salvo melhor juízo, pouco
mais longe do discurso de Cícero, está mais próxima da narrativa de George Orwell
in “A Revolução dos Bichos”:
“Vozes gritavam cheias de ódio. Eram
todas iguais. Não havia dúvida agora quanto ao que sucedera à fisionomia dos
porcos. As criaturas de fora olhavam de um porco para um homem... De um homem
para um porco, e, de um porco para um homem outra vez... Mas já era impossível
de se ver, quem era homem, quem era porco ...”.
Falei e disse!
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