segunda-feira, 27 de junho de 2011

A VIDA CONTINUA...


Um dia ele chegou, e, parecendo que sabia que entre mim e ele se travaria uma grande amizade, convidou-me para almoçar. Era junto com a cidade inteira, na imensa confraria em que transformava a cantina do Jornal da Cidade.

Ali acontecia tudo. Até se conspirava em favor de novas lideranças e governos, sempre com a boa intenção de escolher o melhor para a região.

Naquele ambiente misto de trabalho e familiar tudo se compunha bem às claras. A empresa, representada por todo o corpo de companheiros, humildes ou não, era tocada por ele, o “Velho Mago” mas com a bela aliança. Tanto que me convenceu a desistir do recôndito da aposentadoria que programara, após 35 anos de trabalho duro, para colaborar com aquela obra, por mero diletantismo.

Hoje posso dizer que os poucos anos que passamos juntos foram dos mais felizes de minha vida. Reconheci em José Antonio de Oliveira o irmão espiritual que o útero não me dera. O Amigo espetacular que não falhou nunca!

Nos divertíamos muito, ao mesmo tempo em que o ajudava no trabalho. Não foram raras as vezes que nos protegemos de adversários mais exaltados.

Zé do Jornal, MEU 'VELHINHO' QUERIDO, me fez lembrar recomendações de meu Pai quanto as amizades: “Nunca esqueça de seus Amigos! Serão mais importantes à proporção que você for envelhecendo. Independentemente do quanto você ame sua família. Os filhos que porventura venha a ter. Você sempre precisará de amigos. Lembre-se de ocasionalmente ir a lugares com eles. Faça coisas com eles. Telefone para eles...”

Tenho certeza que meu Amigo querido - irmão mais novo e ao mesmo tempo guru; José Antonio de Oliveira, jamais ouvira do Velho Ary Cataldi, meu Pai amado, esta frase. Mas a praticava de coração em seu dia a dia.

O tempo se foi. Meus Pais se foram. A vida passou. E a amizade persiste, superior ao tempo e à própria morte. Quis o destino, no entanto, que fosse eu o Amigo a lhe defender em alguns processos absurdos. Quis também o destino que lhe pudesse render justa homenagem na Assembleia Legislativa de São Paulo. Mas também quis a má sorte permitir que fosse eu a ouvir seu grito de dor, ao telefone, sem poder fazer nada. A não ser agora encontrar em palavras, a conformação para o tempo em que ficaremos separados.

Sim porque não tenho duvida que meu querido José Antonio está a bordo de um barco que cruzou a linha do horizonte onde não posso mais vê-lo, mas onde é visto por alguém que já está do outro lado. Já que também tenho certeza que Deus apenas pediu de volta aquele a quem à vida emprestou por mais de 50 anos.

Só assim posso encontrar conforto para a separação, refletindo que a morte não apenas nos arrebata pessoas queridas. Mas as imortaliza para sempre em nossa saudosa lembrança.

Falei e disse...

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