CIDADANIA
AS PROFECIAS DE PABLO ESCOBAR
Ainda era um jovem jornalista quando
escrevi sobre a prisão de Pablo Escobar o controlador do Cartel de Cali. Aquele
que construiu a própria penitenciária, com a cela de luxo, de onde continuou
controlando toda a movimentação de drogas da Colômbia para o mundo...
O traficante fez profecias. Uma delas
tenebrosa, porém hilária àquela altura: - “O Rio de Janeiro será o novo cartel”...
Achamos graça... Todos!
Certo que a ditadura militar enfraqueceu
os bicheiros, com um certo “capitão” desbravador, que depois se tornou mais um...
Lembro até de quem do bicho colaborava com o regime: Tuninho Turco que acabou trucidado
com as verdades que sabia, pela policia federal que desceu de helicóptero dentro
de casa dele, antes da seis horas da manhã. O corpo e a cabeça foram postos num
saco e levados até o Hospital Carlos Chagas, onde o médico plantonista se recusou
a assinar o óbito naquelas circunstâncias. Fui advogado do irmão dele...
O tráfico foi tomando conta das ‘comunidades’,
outrora controladas pelos bicheiros. Alguns banqueiros do jogo acabaram
migrando da mera contravenção para o crime, ou seja, do Bicho para as drogas.
Tudo isso aliado ao grande equívoco de colocarem-se na prisão da Ilha Grande, num
mix de pós graduação, bicheiros, traficantes e presos políticos. Da troca de experiências
nasceu a guerrilha nos morros e favelas cariocas, que hoje recrutam experientes
ex-militares, alguns ‘armeiros’ dispensados do Exército...
Ontem, para evitar a ocupação de
traficantes da Gardênia Azul aos conjuntos construídos para os atletas olímpicos,
a PM encurralou bandidos que invadiram a Cidade de Deus e depois se embrenharam
nos mangues e matas dos fundos do Laboratório Merck, divisa entre Jacarepaguá e
Barra da Tijuca. Dos tiroteios resultou a queda do Helicóptero blindado da Polícia
Militar e a morte de 4 tripulantes que apoiavam as operações em terra. Há
também a possibilidade da queda ter resultado de falta de combustível. Porque
sem crédito, o estado do Rio só consegue abastecer aeronaves em São Pedro da
Aldeia, no norte fluminense, mesmo assim ‘fiado’...
A que ponto chegou o Rio de Janeiro,
Sérgio Cabral? Pessoas morrendo, outras em sobressalto porque os bandidos estão
invadindo outras comunidades ao longo da Avenida Brasil para dividir a força da
PM sem salário...
Acompanhei o desespero dos cariocas pelo
‘Zap’ durante toda noite e madrugada. Só vou dormir agora, preocupado com parentes
e amigos que o destino e o medo me fizeram deixar para trás, enquanto, Cabral lê
de sua confortável cela, cabelinho cortado a máquina um (não foi a zero como os
presos comuns), sobre a origem do fanatismo religioso. Em espaço que você mesmo
reformou, assim como Pablo Escobar, mas, certo da impunidade, sem imaginar que
seria para uso próprio e onde acolheria amigos e cúmplices, em Bangu 8...
Difícil tirar o Rio de Janeiro do
atoleiro em que sucessivos desgovernos deixaram mergulhar...
Falei e disse.
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