segunda-feira, 8 de agosto de 2016


OPINIÃO

PERDÃO ANDRÉ FILHO, O COMITÉ RIO-2016 ESQUECEU VOCÊ
E SUA OBRA IMORTAL QUE SE TORNOU HINO.


Jorge Béja


A cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio foi mesmo espetacular e de uma beleza e criatividade sem precedente na história dos Jogos. Há quem diga que a dos Jogos Olímpicos de Moscou de 1980 foi de igual ou maior beleza. Não sei. Pode ter sido. O mascote daquela olimpíada na então União Soviética era o ursinho Misha (apelido russo do nome Mikhail). Na cerimônia de encerramento a coreagrafia simulou a queda de uma lágrima fazendo o Misha chorar. Foi mesmo emocionante. Uma cena muda mas que falou alto e tocou os corações de todas as gentes, de todos os povos. A humanidade entendeu, não esqueceu e jamais esquecerá. Isso também aconteceu com a cerimônia de abertura da Olimpíada Rio-2016. Daqui a cem anos e por toda a eternidade, a festa de anteontem no Maracanã será lembrada  e exibida para as gerações que virão.

TUDO É CULTURA - Ellen Gracie, ex-ministra do STF e sem ligação com o desporto desfilou na cerimônia. Então por que não chamaram também um, dois ou mesmo os três dos maiores e consagrados pianistas do mundo e que são brasileiros?: Nelson Freire, Artur Moreira Lima e João Carlos Martins. Nelson e Artur voltaram a morar definitivamente no Rio. E João Carlos mora em São Paulo. Desporto, música clássica, tudo é cultura. A festa era carioca e brasileira. E os renomados artistas são nossos patrícios. Mas não se pode exigir tanto, exigir mais, dos talentosos e criativos arquitetos que criaram e produziram aquela festa de anteontem no Maracanã. Tão linda, mas tão linda, que o presidente interino Michel Temer pouco ou nada entendeu. Dele não se viu um sorriso. Se falou, não ouvi sua voz. Nem de sua bela esposa se fez acompanhar. Dona Marcela é a primeira-dama do Brasil. O cerimonial e o protocolo exigiam sua presença, salvo motivo de intransponível força maior. A interinidade não é justificativa.
             


PECADO SEM PERDÃO - Mas ocorreu um pecado imperdoável. E que não há mais tempo de se redimir. Nem na cerimônia de encerramento será possível. O momento certo já passou. Agora é tarde. Após a execução do arranjo do Hino Nacional Brasileiro, puxado por Paulinho da Viola e acompanhado de uma pequenina orquestra, era indispensável e obrigatória a execução da canção "Cidade Maravilhosa" que a Lei Municipal nº 3611, de 12.8.2003 tornou como o Hino Oficial da Cidade do Rio de Janeiro.

 "Artigo 1º - Pela presente fica instituído como o Hino Oficial da Cidade do Rio de Janeiro, a canção conhecida como "Cidade Maravilhosa", de autoria do compositor Antonio André de Sá Filho (André Filho), conforme partitura impressa no Anexo I desta lei".

"Artigo 2º - Nas cerimônias oficiais realizadas por entidades e instituições de nossa cidade, onde for feita a execução do Hino Nacional Brasileiro, as orquestras, bandas marciais e demais músicos serão previamente orientados pelo órgão promotor do evento a executarem o Hino Oficial da Cidade do Rio de Janeiro". 

O Hino Nacional Brasleiro, mesmo em arranjo desautorizado pelo presidente da República a ferir a lei dos Símbolos Nacionais, foi executado e cantado. Em seguida, era obrigatória a execução do "Cidade Maravilhosa", o Hino Oficial da Cidade do Rio de Janeiro, como mandam a lei e o protocolo do cerimonial, como exigia o grandioso evento e como pedia os corações de todos nós, cariocas. Mas o hino foi esquecido. Daí porque este pedido de perdão a André Filho e a seus descendentes que devem estar muito aborrecidos com esta gafe. Um fiasco, no meio de retumbante e grandioso evento.

 BELEZA MAIOR -  fico a imaginar que beleza maior seria ouvir  aquela multidão de gente cantando a uma só voz, com a viola de Paulinho, com aquela pequena orquestra e mesmo à capela "Cidade Maravilhosa, Cheia de Encantos Mil...Cidade Maravilhosa, Coração do meu Brasil!!! Berço do Samba e das lindas canções que vivem n'alma da gente...És o altar dos nosso corações que cantam alegremente! Jardim florido de amor e saudade, Terra que a todos seduz...Que Deus te cubra de felicidade, Ninho de Sonho e de luz...". Meus Deus, seria de enlouquecer!. Mas o dia e o momento certos já passaram. Agora é tarde. Resta o pedido de perdão que se estende também à família de Vinicius de Morais, autor da letra da música "Garota de Ipanema", que foi tocada no grandioso evento, mas sem nenhuma citação de seu nome,  nem seu pacífico e mundialmente conhecido rosto, seu retrato, sua imagem,  foi exibido nos telões. Perdão, André Filho. Perdão, Vinícius.

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