OPINIÃO
PERDÃO ANDRÉ FILHO, O COMITÉ RIO-2016
ESQUECEU VOCÊ
E SUA OBRA IMORTAL QUE SE TORNOU
HINO.
Jorge Béja
A cerimônia de abertura dos Jogos
Olímpicos do Rio foi mesmo espetacular e de uma beleza e criatividade sem
precedente na história dos Jogos. Há quem diga que a dos Jogos Olímpicos
de Moscou de 1980 foi de igual ou maior beleza. Não sei.
Pode ter sido. O mascote daquela olimpíada na então União Soviética era o
ursinho Misha (apelido russo do nome Mikhail). Na cerimônia
de encerramento a coreagrafia simulou a queda de uma lágrima fazendo o
Misha chorar. Foi mesmo emocionante. Uma cena muda mas que falou alto
e tocou os corações de todas as gentes, de todos os povos. A humanidade
entendeu, não esqueceu e jamais esquecerá. Isso também aconteceu com a
cerimônia de abertura da Olimpíada Rio-2016. Daqui a cem anos e por toda a
eternidade, a festa de anteontem no Maracanã será lembrada
e exibida para as gerações que virão.
TUDO É CULTURA - Ellen
Gracie, ex-ministra do STF e sem ligação com o desporto desfilou na cerimônia.
Então por que não chamaram também um, dois ou mesmo os três dos maiores e
consagrados pianistas do mundo e que são brasileiros?: Nelson Freire, Artur Moreira
Lima e João Carlos Martins. Nelson e Artur voltaram a morar definitivamente no
Rio. E João Carlos mora em São Paulo. Desporto, música
clássica, tudo é cultura. A festa era carioca e brasileira. E os
renomados artistas são nossos patrícios. Mas não se pode exigir
tanto, exigir mais, dos talentosos e criativos arquitetos
que criaram e produziram aquela festa de anteontem no Maracanã. Tão linda,
mas tão linda, que o presidente interino Michel Temer pouco ou nada
entendeu. Dele não se viu um sorriso. Se falou, não ouvi sua voz. Nem
de sua bela esposa se fez acompanhar. Dona Marcela é a primeira-dama
do Brasil. O cerimonial e o protocolo exigiam sua presença, salvo
motivo de intransponível força maior. A interinidade não é justificativa.
PECADO SEM PERDÃO - Mas ocorreu um
pecado imperdoável. E que não há mais tempo de se redimir. Nem na cerimônia de
encerramento será possível. O momento certo já passou. Agora é tarde. Após a
execução do arranjo do Hino Nacional Brasileiro, puxado por Paulinho da
Viola e acompanhado de uma pequenina orquestra, era indispensável e obrigatória
a execução da canção "Cidade Maravilhosa" que a Lei Municipal nº
3611, de 12.8.2003 tornou como o Hino Oficial da Cidade do Rio de
Janeiro.
"Artigo 1º - Pela
presente fica instituído como o Hino Oficial da Cidade do Rio de Janeiro, a
canção conhecida como "Cidade Maravilhosa", de autoria do compositor
Antonio André de Sá Filho (André Filho), conforme partitura impressa no Anexo I
desta lei".
"Artigo 2º - Nas cerimônias oficiais
realizadas por entidades e instituições de nossa cidade, onde for feita a
execução do Hino Nacional Brasileiro, as orquestras, bandas marciais e demais
músicos serão previamente orientados pelo órgão promotor do evento a executarem
o Hino Oficial da Cidade do Rio de Janeiro".
O Hino Nacional Brasleiro, mesmo em
arranjo desautorizado pelo presidente da República a ferir a lei dos Símbolos
Nacionais, foi executado e cantado. Em seguida, era obrigatória a execução
do "Cidade Maravilhosa", o Hino Oficial da Cidade do Rio de
Janeiro, como mandam a lei e o protocolo do cerimonial, como exigia o
grandioso evento e como pedia os corações de todos nós, cariocas. Mas o hino
foi esquecido. Daí porque este pedido de perdão a André Filho e a seus descendentes
que devem estar muito aborrecidos com esta gafe. Um fiasco, no meio
de retumbante e grandioso evento.
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