segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

AGORA EU E QUASE 200 MILHÕES DE BRASILEIROS QUEREMOS VER...


Dilma Rousseff ganhou a Presidência. Assumiu embalada no maior crescimento econômico de todos os tempos. Agora é chegada a hora de pagarmos a conta.

O ano começa com parte importante dos indicadores macroeconômicos brasileiros em deterioração. Acompanhem comigo: inflação em alta. Dólar retomando trajetória de queda. Contas externas piores. Economia para pagar a dívida pública diminuindo.

No dia 19 de janeiro o Banco Central pode ser obrigado a aumentar os juros para conter a inflação. Isso pode ter novos impactos negativos sobre a dívida pública e sobre o dólar. O IPCA - índice oficial de preços - subiu 5,25% em novembro de 2010. O cálculo de fechamento do ano vai passar perto de 6,5%. Já o IGP-M, que reajusta a maioria dos contratos de financiamentos imobiliários e de bens, assim como aluguéis, subiu 10,56%. E, na virada do ano, Lula assinou medida provisória fixando o salário mínimo em 540 reais a partir de primeiro de janeiro. O reajuste foi de 5 vírgula 88 por cento. Pela primeira vez desde 2003, o mínimo corre o risco de ficar sem aumento real.

No início de dezembro, o BC também retirou 61 bilhões de reais da economia. Elevando os depósitos compulsórios que impõe aos bancos. Com isso já fez subir os juros para os consumidores. Reduziu prazos de financiamentos para bens e veículos. As duas medidas foram as primeiras na transição Lula-Dilma para tentar conter a aceleração da inflação e o aumento dos gastos públicos.

Todo esse descontrole para que a economia pudesse ter o forte desempenho no ano eleitoral de 2010, com o PIB (Produto Interno Bruto) crescendo cerca de 7 e meio por cento. A expectativa para 2011 é de uma economia mais fria por conta de gastos públicos crescendo menos, e, do BC subindo o juro básico para conter a inflação.

Dilma vai precisar conter o ritmo do crescimento da despesa estatal, o que é um desafio considerável. Ela promete economizar bem mais, para reverter a deterioração dos vários indicadores. Mas o espaço de manobra está apertado por conta dos gastos crescentes. Podem ocorrer cortes nas despesas com infraestrutura, já dimensionadas em menos de um por cento do PIB. Com a atividade econômica bastante mais fraca em 2011, o governo também terá receitas menores para pagar suas despesas correntes e obrigatórias.

Em resumo, um começo bastante difícil ao país. Preço caro que Dilma aceitou herdar calada, para ser a primeira presidenta do pós-Lula.

Falei e disse.

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