segunda-feira, 24 de novembro de 2014

DILMA E OS RATOS
 
 
Jorge Béja
 
 
Foi em 1990, Século XX, mas não tão distante assim. Internada no Hospital Souza Aguiar, no Rio, Dilma estava com paralisia cerebral e com as duas pernas engessadas, dos calcanhares até a virilha. Por causa da paralisia, não falava, não ouvia, não se mexia, não sentia dor....E emagreceu muito. Suas pernas definharam a tal ponto de permitir que os ratos do Souza Aguiar delas se servissem de comida. Sim, isso mesmo. Os ratos entravam pelo vão-abertura entre  as pernas que definhavam e o gesso, comiam as carnes das pernas de Dilma e saíam alimentados. Terrível. Horrível. Então, mesmo sem conhecê-la, por Dilma decidi brigar. Advogado é para isso.
 
HABEAS-CORPUS
 
Ao ler a notícia nos jornais, procurei o juiz de plantão no Palácio da Justiça no Rio. Mostrei a ele o noticiário e disse que estava impetrando uma ordem de Habeas-Corpus para a paciente Dilma. Num primeiro momento o juiz discordou. Disse o juiz que HC era remédio jurídico apenas para quem se encontrava ilegalmente preso. Ou correndo o risco de ser preso sem motivo justo. Mas quando ponderei que Dilma se encontrava em situação análoga à de uma pessoa injustamente presa, porque se estivesse lúcida e em condições de andar, Dilma fugiria do hospital, aí o juiz concordou e aplaudiu a analogia escrita na petição. A ordem foi expedida, imediatamente. E, na mesma tarde, acompanhado de dois oficiais de justiça e da polícia, fomos todos até o Souza Aguiar, onde os jornalistas já aguardavam. Dilma foi transferida, a enfermaria infestada de roedores foi fechada e no dia seguinte o diretor do hospital exonerado. Tudo isso foi notícia de primeira página dos jornais. Dias depois a família de Dilma localizou meu escritório e foi lá para agradecer. Hoje, passados 24 anos, não sei o que aconteceu depois com Dilma, que tinha apenas 36 anos de idade. Cumpri meu dever.Só resta a pedir a Dilma Fernandes Ferreira, que do Céu ou da Terra, que nos perdoe. Que perdoe os chamados adultos, os administradores públicos, os políticos, toda essa gente que não sente piedade de nós.
 
A OUTRA DILMA, DO SÉCULO XXI
 
É Dilma Rousseff. Reeleita presidente do Brasil, governará esta país por mais quatro anos. É uma brasileira de muitos méritos, por sua história de luta para livrar o país da ditadura. Pelo ideal de um Brasil democrático, integrou a guerrilha, foi presa e torturada... Dispensável tecer mais comentários a respeito. A história de vida da presidente Dilma Roussef é do conhecimento público. Está nos livros, na internet e na memória de seus contemporâneos. Mas da mesma forma que a Dilma (do Hospital Souza Aguiar), Dilma Rousseff esteve, está --- e se não tiver pulso forte --- continuará a estar cercada de ratos. De ratazanas, do PMDB , do seu próprio PT e do PP, de José Mohamed Jatene, morto em Setembro de 2010, a quem os roedores querem jogar toda a culpa.
 
HABEAS-CORPUS INVIÁVEL
 
Não se vê diferença entre o Palácio do Planalto e o Hospital Souza Aguiar, no Rio. São prédios onde os ratos proliferam. Mas esses ratos não estão apenas do Palácio do Planalto. Os ratos estão em toda a administração federal, direta e indireta. Dilma está à mercê deles a pretexto de uma "governabilidade" e, por causa disso, os ratos roem as finanças públicas e destroem as grandes empresas nacionais, como é o caso da Petrobrás. A única suspeita que paira sobre Dilma é de ter ela o conhecimento, ou não, de tudo ("Domínio do Fato"). Igual a Lula, a respeito do "mensalão". Dessa, Lula escapou. Mas os que estão se locupletando são todos aliados, tanto no governo Lula quanto no de Dilma. É inviável, impossível mesmo, usar do remédio do Habeas-Corpus para Dilma Rousseff. Dilma está lúcida, tem o poder supremo do país, tem a caneta na mão (o regime é presidencialista). Dilma pode e deve se libertar do gesso que a manieta e Dilma está onde está porque assim desejou, assim quis e assim quer. E assim desejou a maioria do eleitorado brasileiro, segundo o TSE. Somente Dilma, é quem pode acabar com a infestação dos roedores e recuperar as finanças do país e a credibilidade do Brasil perante o concerto das Nações.Caso contrário, que renuncie. O que não pode é continuar justificando roubalheiras, crimes contra a pátria, como se fossem "malfeitos". 

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